quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Quem fica…

Eu sempre penso que a gente veio a esse mundo para sermos felizes. E até onde sei, só temos essa vida para desfrutarmos dessa felicidade ou de dias felizes. 

Acontece que quando a vida adulta inicia, iniciam- se também as preocupações, os medos. Surgem as comparações. As frustrações. As contas. E dar conta. De tanto.

A vida adulta é uma mar de incertezas e um abismo de interrogações. Talvez a melhor maneira de seguir em frente é não criar grandes expectativas. Já diria a letra encantadora da música Tocando em frente 

“ cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom ser capaz. E ser feliz.”

A gente sabe tão pouco. Quase nada. Viemos para aprender. Para somar e dividir. E sentir. 

A vida é uma viagem de trem. A gente vai seguindo em frente e encontrando algumas pessoas no caminho. Outras descerão na próxima estação. Sem ao menos se despedir. 

Seguindo em frente a gente vai descobrindo quem desce e quem fica.

Eu, reflexiva. Perceptiva. Curiosa. Sensitiva. Mas acima de tudo verdadeira. Sou minha melhor versão possível. Dramática, caótica, mas real.

O mundo precisa mais de pessoas verdadeiras, não de pessoas ricas e competitivas. Isso já tem demais. E cansa.

O que realmente importa nesta trajetória incrível que percorremos?

É quem fica…

Quem fica depois que a festa acaba…

Quem fica depois da tempestade…

Quem fica depois de uma crise de choro…

Quem fica depois das dificuldades e te estende a mão sem querer nada em troca. É quem não julga.

É quem te escolhe. E acolhe.

Viver é isso. É tentar se equilibrar o tempo todo entre nostalgia, lembranças e vivências.

É tentar driblar nossas emoções entre mim, eu e você.

Mas acima de tudo, caminhar ao lado de quem fica.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

As Amarras da Vida

 Eu já quis muito ser querida. Queria muito que as pessoas gostassem de mim. Sabem, uma vontade imensa de agradar. Eu queria ser aceita. Admirada. Necessitava da aprovação alheia para começar algo. Ou não começar nada. 

Eu queria muito ser querida. Mas com o passar do tempo eu comecei a perceber que estava abdicando de mim mesma, tentando caber no mundo de alguém ou de um determinado grupo. Eu estava assim, vivendo uma vida que no fundo eu não queria viver. Eu estava tentando me moldar, fazendo coisas que nem acreditava, abrindo mão das minhas próprias crenças e das minhas necessidades. Eu não falava o que pensava, não discordava. Não dizia não. 

No fundo mesmo, ou mais na beirada, eu queria ser querida.

A necessidade de agradar à todos me fez desistir de alguns sonhos. Me fez me desintegrar de mim e do meu eu. Mexeu na minha autoestima.

Saber se relacionar para viver bem em sociedade requer flexibilidade e muito jogo de cintura. É a gangorra da vida. O limite entre a aceitação do outro e aquilo que realmente somos.

Comecei a perceber esse movimento. Felizmente a tempo de ser engolida pela opinião de alguém. 

Sem perder minha essência, fui me encontrando. Sabendo onde piso. Onde posso estar. E onde  não quero permanecer. Aprendi com minhas próprias frustrações que não desagradando ninguém eu estava desagradando a mim mesma. E que trilhando meu caminho e seguindo minhas intuições eu estava no caminho da luz.

Ninguém irá gostar de mim porque sou querida. As pessoas gostam, ou não, pelo que eu sou. Pela minha maneira doce de estar aqui nesta vida terrena. Do meu abraço. Do meu cheiro. Da minha gentileza. Da minha leveza. 

Não preciso agradar à todos. Além de impossível, é desnecessário. Cada um é o que é. Cada um sabe onde o calo aperta. Onde a alma aceita consolo. Onde o coração pede licença.

Mudar exige disciplina e um olhar para si mesmo. 

Tentar agradar e ser querida demais me desgastou. E cansou.

E sabem o que mais? Quem for pra ficar em sua vida, encontra brecha, dá os pulos, como dizem, se esforça. Te procura.

Quem te ama permanece. Fica até o fim. Não desiste. 

O amor é um vínculo construído sem cobranças, sem expectativas. Sem amarras. 

Neste pedacinho de tempo, que tenhamos coragem e gentileza para cabermos onde existe empatia, troca e afeto. 

Eu já quis muito ser querida. Hoje eu apenas quero ser Eu.







sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Resignificando

Vim tirar o pó do blog. Passar um pano não bastava. Precisava escrever...
Certa vez em uma de minhas consultas na terapia, minha psicóloga usou uma palavra que eu desconhecia o significado. Na época eu não conseguia me libertar de alguns sentimentos presos em minha alma e de algumas pessoas que não andavam cabendo em minha vida emocional. Foi então que escutei dela que eu precisaria resignificar. Coisas, pessoas. Deus. Meu passado. Minhas memórias. Acontecimentos não tão passados assim.
Comecei então a entender que não poderia mais mudar aquilo que havia acontecido. Eu não tinha esse poder em minhas mãos. E eu sofria. Porque simplesmente eu queria mudar. Eu queria esquecer.
A partir do momento que consegui internalizar essa palavra e o quanto ela significa, modifica, liberta e transforma, eu passei a ter mais entendimento da vida.
Entendi que resignificar era o que eu mais precisava. Era na verdade tudo o que eu precisava. Era algo essencial para que eu pudesse continuar minha trajetória, minha caminhada espiritual. E era também a chave para a minha liberdade. Para que eu pudesse desapegar de pessoas e sentimentos, libertando-me de pensamentos que não acrescentavam nada em minha vida. De culpas, que muitas vezes nem minha eram.
Eu precisava desapegar...
Resignificar...
Resignifiquei amizades, sonhos, pensamentos. Resignifiquei minha imensa imaturidade em lidar com problemas familiares que muitas vezes não me diziam respeito.
Eu precisava entender que minha trajetória é cercada de obstáculos e desafios. E está tudo bem, isso faz parte do meu crescimento. Do nosso crescimento.
Entendi que para continuar em frente eu precisava dessa palavra. Eu precisava reconstruir. Reviver e acima de tudo, recriar.
Eu não posso mudar o que aconteceu, mas posso dar um novo significado à tudo ao meu redor.
Posso buscar fazer as pazes com o meu passado.
Dando assim leveza à minha existência e as minhas relações.
Encontrando beleza nessa linda liberdade de poder enxergar o mundo como eu realmente quero e gosto de ver.
Beijos,
Lola

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Sobre partir

Em algum momento da minha vida já tive vontade de partir. De arrumar a mala. Colocar algumas saias. Meus remédios de transplante. Talvez um vestido de tule. O meu preferido. Tudo com cabide, bagunçado igual cena de novela. Aquela vontade de arrumar uma mala em dois minutos e levar poucas coisas. Eu levaria também minha maior riqueza, meus sentimentos e toda a imensidão de Carolinas que habitam dentro de mim. Certamente deixaria para trás algumas decepções e frustrações. E aquela Carolina tão ansiosa e cheia de manias.
Deixaria também algumas pessoas para trás. De alguma maneira entraram em minha vida, me ensinaram. Outras me libertaram. Algumas julgaram. E poucas ajudaram. Eu deixaria talvez alguns na próxima estação e me despediria. E um muito obrigada por tudo. De alguma maneira foram importantes. Ser grata me enobrece. Gratidão é coisa séria. É sentimento grandioso que não cabe em quem pensa pequeno.
Mas que bom se fosse assim. Deixar todos os problemas para trás e partir rumo ao desconhecido.
Sim, eu já tive vontade de arrumar as malas. Uma sacola talvez, porque  certamente voltaria para buscar outras coisas ou outros alguéns. Eu sei que voltaria.
Talvez partir. Talvez ficar.
Algumas pessoas me perguntam porque ainda não fui morar fora do Brasil. Nova York seria uma ótima ideia. Londres. Paris. Que o melhor lugar para se morar é o Canadá.
Para quantos lugares poderíamos partir. Quantos lugares existem nesse mundo e com certeza arrumaríamos um cantinho para chamar de nosso e então quem sabe recomeçar do zero. Sem remorço, nem dívidas.
Longe de problemas e problemáticos.
Que vontade imensa eu tinha de arrumar as malas.
Mas talvez o melhor lugar para partir seja pequeno e belo. E nele cabe tudo. E tanto.
O melhor lugar para partir é aquele onde me reencontro comigo mesma. É  um lugar profundo, mas o único que certamente sempre me acolherá. E saberá que caminho me guiar.
Nada adianta querer partir se aqui dentro não se sente. Não se exala. Não brota. Não renasce.
Não liberta.
Nenhum lugar do mundo preencherá o vazio de um coração partido ou de uma alma perturbada. Nada nesse mundo substitui a essência magnífica em ser quem se é. Aceitando-se e reencontrando-se. Descontruindo-se e florindo a cada estação do ano.
A fuga traz um alívio temporário.
Pensando nisso, decidi não querer mais partir. Decidi seguir em frente. Decidi ficar e me reencontrar. Comigo mesma.
É aqui dentro que se mora. É aqui dentro que se resolve. É aqui que se reencontra.
É aqui que se tem todas as respostas.
Sendo quem se é, nunca negando, mas sim transformando.
Aceitando, renascendo.
Libertando.