domingo, 14 de outubro de 2018

Fragmentos da alma

Os extrovertidos, sem dúvida alguma, fazem mais barulho. Mostram ao mundo para que vieram. Já os quietos, os introvertidos, demoram mais para responder aos estímulos sociais. Chamam menos a atenção. Não há aquela necessidade de contar aos outros e ao mundo suas conquistas, suas habilidades e seus feitos. Há um silêncio magnífico nisso, mesmo porque os introvertidos também  carregam dentro de si uma belíssima posição em relação a vida, as suas consequentes escolhas e uma sabedoria imensa em querer melhorar o mundo, sendo quem se é. Sem grandes alardes. Sem grandes mudanças. Mas com uma enorme imaginação dentro de si.
Não é fácil ser mais quieto. Muitas vezes somos vistos como esquisitos, antipáticos.
Introversão não está diretamente associada a ser anti social. Tem muito mais ligação com silêncio interno mesmo. De não querer chamar a atenção, de não querer ser o "centro das atenções".
Nós, introvertidos, gostamos de ficar alguns momentos sozinhos, de não agradar o tempo todo, demoramos às vezes a responder mensagens, não fazemos perguntas frequentes, e em algumas situações nos distanciamos. De grupos, de mídias sociais, de confusão. Às vezes, até mesmo da família.
Amigos, só os mais próximos possíveis. Poucos. Mas bons. E verdadeiros.
Recentemente participei de um experimento coreográfico maravilhoso. Um grandioso encontro de almas. De mulheres dispostas a se doarem e levarem para o público e para o palco a sua verdade. O seu interior. O seu "eu".
E nesse experimento ficou muito claro a essência de cada uma. A busca incansável e madura de mostrar aos outros, mas principalmente a nós mesmas a fantástica fortaleza em Ser.
Em sermos únicas, diferentes, verdadeiras. Em termos vidas simples. Em sermos inquietas. Extrovertidas. Tímidas. Choronas. Sérias. Confiantes. Inseguras. Fortes.
Em sermos arco-íris em um mundo tão cinzento.
Buscamos a nossa identidade, sem máscaras. A verdade de cada uma de nós estampada em um palco. Fomos além da aparência. Buscamos a essência, e enxergamos com o coração. Por dentro e por fora.
Os olhos de cada um que estavam lá nos assistindo. Olhos atenciosos e compreensivos.
A nossa manifestação externa refletiu nosso estado interior.
Não era a técnica que estava lá, era a nossa sensibilidade e a nossa capacidade em amar.
E lá em um canto do teatro, antes de entrar no palco, estava eu, frágil, doce, delicada, introvertida, quieta. A minha cabeça doía. Meu cabelo milimetricamente arrumado. Estava ansiosa.
Mas acima de tudo, feliz, por estar alí me doando e acima de tudo sendo eu mesma.
Foi tão mágico e tão lindo que eu mal acabo de falar e já começo a sentir saudades de todo mundo.