quinta-feira, 15 de maio de 2014

A arte de não saber o que se quer

O mundo está cheio de covardes. De gente mal resolvida, de pessoas egoístas e fracas espiritualmente.
Ontem aguardando um atendimento, entra uma senhora já aparentemente nervosa. Começou a atacar a pobre da moça que tirava senhas e foi falando palavrões até sentar. E se sentou atrás de mim. Que sorte a minha. E continuou falando, falando, xingando o local, a moça da senha, aí incluiu o Brasil, lógico. Xingar o Brasil virou moda, virou clichê já. Virou rotina e até com isso nos acostumamos. Eu não. Não me acostumo com isso. Não consigo mais escutar isso. Me dói e me fere a alma. Amo isso aqui. Amo minha terra.
Voltando a mulher perturbada...olhei para trás e pedi gentilmente que parasse de falar palavrões, que fosse lá na rua e colocasse seus males internos para fora, porque eu não estava naquele lugar para ouvir aquilo. E fui agredida. Verbalmente agredida.
Que eu era uma pessoa acomodada, que aceitava tudo, e que por minha culpa o Brasil não iria para frente. Que eu era uma mera patricinha.
Claro que nada disso foi dito de forma educada, calma. Foi aos gritos. E de uma maneira um tanto violenta.
Então me levantei, com essa elegância e paciência que herdei de minha mãe. Ajeitei meus longos cabelos loiros, arrumei minha Louis Vuitton, e lhe respondi com a maior tranquilidade:
- A senhora realmente acha que sou uma Patricinha? Pois é, pago meus impostos em dia, minhas contas, ajudo pessoas todo inverno, retiro cachorro das ruas, pago as clínicas e arrumo donos. Dou emprego a uma pessoa que cuida de cinco sobrinhos. Faço doações e cumpro meus deveres como cidadã. Ah e antes que eu esqueça, sou doente renal crônica, fiz dois transplantes e um ano de hemodiálise. Um dia a senhora vá lá na Pró Rim, faça uma visita, faça uma doação, eles precisam. Tem muita família carente. Faça uma sessão de hemodiálise e depois me chame desse termo tão pequeno que a senhora me chamou....
A sala ficou em silêncio e não sei porque ela foi embora. Talvez necessitava ir a outro lugar xingar as pessoas e principalmente o Brasil.
Ah o Brasil....meu amado Brasil. O que você virou...um centro de bombardeio de pessoas que entraram na onda, de pessoas que na maioria das vezes não sabem o que falam, que vieram ao mundo para criticar, ofender, muitas vezes sem qualquer tipo de argumento. O Brasil está uma bagunça sim. Temos inflação, temos saúde precária (em alguns locais), falta de verbas para a educação, que para mim, é o carro chefe de um país. Professores mal pagos, senadores muito bem pagos. Tudo isso é muito triste e lamentável.
Mas temos um país cheio de terras, rios, não temos furacões, tsumanis, guerras religiosas. Temos a Amazonia, temos um povo solícito. E me desculpem eu gosto do jeitinho brasileiro, não aquele em que se usa o outro em benefício próprio, mas sim aquele em que usamos o coração para resolver algo. Somos um povo caloroso, alegre.
Eu, sinceramente tenho orgulho do Brasil. Não me interessa o que os Alemães pensam ou o que os Franceses digam. Ou que pensem que aqui tudo é errado e a capital é o Rio. Danem-se o que os outros pensam da gente. E se querem saber, não venham para a copa mesmo. Fiquem em seus países tão ricos, sem problemas e tão produtivos. Não venham. Mas se vierem vão ver que aqui é muito bom. As nossas praias são belíssimas, as igrejas, a nossa comida. Os nossos doces. Duvido que os chefes franceses sabem fazer cuca de farofa. E o nosso feijão? E a mandioca?
Aqui a gente é feliz sim.
Temos problemas, claro que temos. Até o Eike tem. Pouco ou muito dinheiro também dá problema.
Sabe o que eu acho?
Que reclamemos menos, agirmos mais como cidadãos e dependemos menos do governo, é difícil, mas dá.
Não viemos ao mundo para reclamar, mas para sermos felizes.
Problemas sempre existirão. Em qualquer lugar do mundo.
E quem realmente acha que o Brasil é uma porcaria e não tem conserto, pegue um barquinho pelo México e chegue onde quiser. Talvez lá você seja feliz limpando banheiro de algum restaurante.
A felicidade está dentro de nós.
Difícil tarefa essa.
Mas se tentarmos, com nosso jeito amável brasileiro em ser, acredito que dá.
Mas só se fizermos mais. Reclamar na poltrona de casa digitando e compartilhando no facebook não vai resolver o problema do Brasil. Vai ficar no papel. E será esquecido.
Use as suas armas. O voto é uma delas. E muito poderosa.
Somos brasileiros, não somos?
Então mãos a obra!