domingo, 20 de julho de 2014

As almofadas

Sempre gostei das pessoas doces. Que falam baixo. Que não discutem. Que te entendem com os olhos. E te recebem com um abraço. Com ternura. Com amor. Engana-se quem acredita que para me consolar ou me deixar feliz, precisa comprar um presente caro ou dizer mil palavras. Muitas vezes um abraço sincero resolve. Ou uma simples frase: "Estou aqui tá?"
Dizem que signos nada dizem sobre a gente. O meu sou eu em pessoa. Sou uma pisciana eternamente sonhadora, sensível, doce, confusa, romântica. Adoro a casa perfumada, vestir uma camisola de seda, de passar Giovanna Baby. E de ter as almofadas com os babados no devido lugar. Gosto de flores. De cor de rosa. Gosto de ser pisciana. Gosto de ser quem sou.
Mas uma pessoa extraordinária cruzou meu caminho. E me casei com ela. Uma pessoa diferente de mim. Fantásticamente diferente. Super prática, pé no chão. Sem aquele famoso nhenhenhém e o chororô bem típicos meu. Uma pessoa capaz de esquecer uma data comemorativa. E não perceber se as almofadas estão com os babados no devido lugar.
- Que almofadas? Diria.
Mas uma pessoa capaz de me surpreender ficando trinta intermináveis dias em um quarto de hospital  ao meu lado. sem pressa de ir embora. Me elogiando. Me fazendo rir. E o melhor, me aceitando.
A minha vaidade... naqueles momentos de agonia eu deixei de lado aquela Carolina, porque a máscara esconderia tudo. O batom, o blush. A minha vaidade. Estava inchada. Cheia de canos e tubos. Cicatrizes, sondas. Morfina na veia. Uma camisola terrível de hospital. Mas ao meu lado estava uma pessoa disposta a me enxergar assim, de um jeito diferente. De um jeito que ele não estava acostumado a ver. E me aceitar. E eu a ele. E sabe de uma coisa? Nesses dias eu vivi um conto de fadas. Só que o príncipe não era perfeito, nem tinha cavalo. Nem mandava flores. E a princesa estava em uma cama de hospital. Eu vivi um conto de fadas sim. Às avessas.
E com o tempo a gente aprende que as diferenças se tornam muito pequenas diante das pedras que a vida coloca em nosso caminho. As diferenças se anulam nas dificuldades e se tornam insignificantes.
Somo seres humanos. Somos diferentes. Somos um perante o ciclo da vida.
Pensamos diferentes. E o formidável disso é que aprendemos a lidar com o outro a partir do momento quando entendemos como esse outro funciona. E funcionamos de um jeito tão diferente e especial. Nossa mente, nossos olhares, as batidas do nosso coração...
Respeito e tolerância são a chave para que possamos viver e conviver com esse mar de diferenças. Diferenças que existem entre casais, irmãos, amigos. Entre qualquer um que ultrapassa nossa trajetória de vida.
A partir desse momento talvez conseguimos encontrar um equilíbrio e uma paz interior ainda maior.
Ele adora escutar Jota Quest e eu Living at Midnight, do Judas Priest.
Ele adora falar, eu escrever.
Ele gosta de cerveja e eu de água.
Eu adoro as almofadas arrumadas e ele os papéis espalhados.
E assim a gente se respeita.
Arrumando, desarrumando.
E no meio da bagunça.
A gente sempre se encontra.
E se ama.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Meu mundo virtual

Sinceramente, não me lembro de ter lido tantas coisas sem argumentos sobre internet como nos últimos meses. As frases prontas das redes sociais viraram um tsunami virtual. Só que muitas vezes essas frases não expressam aquilo que as pessoas realmente pensam ou sentem. Talvez é como elas gostariam de pensar. Ou ser. Ou sentir. Mas nada é tão simples assim e o nosso pensamento é uma máquina que nunca descansa. Nem pisca.
Eu tenho percebido que alguns se importam demais com o que o outro pensa do que com aquilo que se passa dentro de nós. E que tudo gira em torno da inveja. E que se faça a campanha pela vida, "cada um cuida da sua".
Se esse realmente fosse o pensamento verdadeiro, jamais essas pessoas poderiam estar em uma rede social. Porque uma rede social não é só para mim, nem para você. É para milhares de seres. Seres que a gente nunca viu e nem sabe se existem de fato. Seres que são diferentes de você, de mim. Pessoas que pensam e agem de maneira  completamente diferente. Mas que por algum motivo estão acessando o mesmo lugar que você e eu ao mesmo tempo.
Se as pessoas realmente acreditam que a inveja tem facebook e instagram, o melhor é não ter nenhum dos dois. É um opção. Um pouco simples, apesar da gente sempre querer complicar as coisas. Saiba usar. É como um cartão de crédito. Você possui uma ferramenta rica nas mãos, mas precisa saber administrá-la. Caso contrário, o tombo pode ser grande. E jogar a sua vida amorosa e profissional no ventilador tem um preço alto. Muitas pessoas, pode ter certeza disso, vão te apoiar e te elogiar. E acredito que seja muito verdadeiro. Outras vão dar um print na tela e mandar para um amigo rindo de você. Outras vão te criticar.
Mas se a gente parar para pensar, a inveja está por todos os lados. Está no vizinho, na padaria, na reunião da escola do filho. Está em lugares onde menos imagianamos. As vezes, até na família. E não é só a inveja. É o rancor. A falta de amor com o outro. O ciúmes. A indiferença. Um turbilhão de sentimentos que muitas vezes não está visível, mas está presente no coração de alguém.
E uma coisa que infelizmente é natural do ser humano é criticar. Algumas pessoas nasceram para criticar as outras. Porque elogiar é tão difícil e criticar é fácil? Ainda tento encontrar respostas para essa pergunta. Mas eu sempre procuro acreditar que existem pessoas mal resolvidas. E nem sempre elas querem ser assim. A vida as vezes também não colabora. O que importa mesmo é saber quem somos e quais são nossos sonhos, planos e pensamentos perante a vida que levamos. E sermos felizes com o que somos e não com o que temos, no sentido material. E não ser infeliz porque eu não tenho tenho o que o outro tem. Claro, quem nunca sentiu uma pontinha de inveja daquela amiga que acabou de chegar de St Barth toda bronzeada? Ah desgramida, e eu aqui branca igual o reboco da parede! Mas isso é natural e passa. Pelo menos deveria passar.
As redes sociais viraram alvo de ironias e desavenças. Porque escrever é mais fácil do que falar. Quem xinga pela internet é porque muitas vezes não tem coragem de falar olhando nos olhos.
Mesmo assim eu ainda acho uma diversão. É para isso que tenho. Me divirto, choro, sinto saudades daqueles que estão longe (alô primos amados de Ribeirão Preto, Campo Grande e Anápolis).
Eu ainda acredito que vale a pena ter uma conta. Por diversão. Bem por isso.
Só com as crianças a atenção deveria ser dobrada. Elas ainda não têm a malícia virtual e maturidade para lidar com esse mar de sentimentos e informações.
Mas nós, adultos, temos.
E os chatos? E os invesojos? E os Corinthianos?
Deixem eles para lá. A vida também seria sem graça sem eles. O que seria de um Palmeirense sem um Corinthiano?
E que bom que alguns levam na esportiva. Essa é a essência da vida. Tirar proveito daquilo que é estressante e dolorido. E rir. Nem sempre é fácil, mas vale a pena tentar.
Todos somos chatos em alguns momentos de nossas vidas. Todos temos momentos de tristeza, de sonhos. Até de loucura. Somos seres humanos. Com sentimentos. Dores e frustrações.
Vamos viver a nossa vida, nos preocupar com aquilo que somos e torcer pelos outros. Sempre.
E elogiar.
Elogiar faz bem ao coração e a gente ainda faz o outro feliz.