sábado, 7 de junho de 2014

Um bom papo

Estava aqui tirando o pó do blog e resolvi voltar a escrever. As vezes faz falta, dá saudades. Quando fico muito tempo sem escrever parece que estou devendo algo a mim mesma. Escrever para mim, é como tomar um banho depois de um dia cansativo e estressante, principalmente quando estamos cercados de pessoas negativas e fracas espiritualmente, ou tomar um café da tarde com uma amiga naquele dia em que nada parece se encaixar, parece que estamos em um abismo prestes a desmoronar.
Escrever para mim é algo surreal, porque sempre fui mais do escutar do que falar. Então a escrita virou uma forma de me manifestar, de dizer algo que muitas vezes não quero verbalizar. Escrever, na verdade virou uma terapia, uma maneira de colocar para fora frustrações, sentimentos e alegrias.
As pessoas que falam muito, que querem ser sempre o centro das atenções, que gostam de receber elogios constantemente, que têm a necessidade de estar com a melhor roupa, de ter a caminhonete da vez. Essas pessoas nunca me atraíram e continuo na mesma. Não gostando muito de suas companhias.
As vezes só o que a gente precisa é de um bom papo, aquele sem frescura, sem cobrança, de preferência com algumas gargalhadas e alguma bobagem. A vida com bobagens e fofocas corriqueiras deixam ela muito mais leve, doce e divertida. As pessoas cultas demais, aquelas que querem te enfiar o livro do Gabriel Garcia Marquez a goela baixo, sim porque enquanto era vivo escutava pouco sobre ele. Mas depois que partiu os seus livros viraram o ó do borogodó. O que dizer então das que só falam em dietas, das empregadas ou do coitado do marido que gosta de futebol?
Há dois meses tenho levado uma vida turbulenta. Pedreiros, pintores, marceneiros. Ah e os encanadores...e os canos vem junto. E como a gente leva cano. As vezes não é só deles não, é da vida mesmo. E de pessoas próximas. A gente leva cano de quem a gente menos espera, ou mais espera. Tanto faz.
E no auge do meu estresse com esse tipo de pessoa, eu atendo a porta. Era o marido de aluguel, aquele que pindura, instala, desentope, costura, aconselha. Já era sua terceira visita em nossa  casa e ele entra com um sorriso largo e me entrega um presente.
- "D. Carolina, um presente para você e seu esposo João. Para curtirem a casa nova. Vocês são uma família linda e merecem ser muito felizes. E os seus exames deram bons? Lembre-se sempre que a sua saúde está em primeiro lugar. Depois vem o resto. E a gente dá um jeito não é?"
Ou parcela no cartão, pensei em continuar....rsrs
Eu sinceramente fiquei estarrecida e até sentei. Mal conseguia abrir o pacote. Fiquei pensando naquele Sr. que trabalha arduamente das sete da manhã as sete da noite. Aquela pessoa sensível. Que lembrou de mim. Do meu marido. Do palmeirense, como chama meu filho. E quando percebi estava diante de um ser humano. Com sentimentos, com vontade de se doar. De escutar.E de me ajudar.
Agradeci pelo presente e pela pessoa que é. Gente que não se encontra na esquina. O lado ruim disso é que a gente passa a se acostumar com as pessoas desonestas e sem caráter na vida, pessoas que nos sugam e querem o nosso "dinheiro". E quando você se depara com uma pessoa assim, acaba achando novidade. Triste isso.
As vezes o que a gente precisa mesmo é uma boa companhia, um bom papo. Umas boas gargalhadas.
Tem coisa melhor do que rir da vida? De conviver com gente divertida. Sem grandes assuntos políticos, econômicos e sociais. Adoro o Ricardo Amorim do Manhattan Connection. Do Diogo Mainardi também. Mas ultimamente tenho me cansado um pouco deles e preferido assistir Chaves ou aquele programa Ta no Ar, que morro de rir.
Porque não dá para levar a vida a sério demais. Acho que é por isso que adoro estar com meu marido e minha mãe. Porque a gente só ri. As vezes chora, mas as bobagens, as piadas, as lembranças engraçadas, principalmente as do meu avô Lilo que era um contador de histórias. Isso realmente vale à pena.
Eu dormia escutando as histórias dele. As bobagens que ele contava. Dos personagens que ele inventava. O Didio panceta, o Selegato, o Toni expulsa. As vezes eu não dormia, porque sempre tinha um bicho no meio da história e eu ficava imaginando aquele bicho atrás do meu avô.
Mal acabo de contar e já começo a sentir saudades desse tipo de gente.
Gente que faz a gente feliz.
Ainda não inventaram melhor remédio do que sorrir. E contar histórias. Ou inventar. Como preferirem.
A vida muitas vezes é dura, mas a gente pode melhorar.
E falar bobagens é uma delas.
Melhor assim.