sexta-feira, 1 de abril de 2022

As Amarras da Vida

 Eu já quis muito ser querida. Queria muito que as pessoas gostassem de mim. Sabem, uma vontade imensa de agradar. Eu queria ser aceita. Admirada. Necessitava da aprovação alheia para começar algo. Ou não começar nada. 

Eu queria muito ser querida. Mas com o passar do tempo eu comecei a perceber que estava abdicando de mim mesma, tentando caber no mundo de alguém ou de um determinado grupo. Eu estava assim, vivendo uma vida que no fundo eu não queria viver. Eu estava tentando me moldar, fazendo coisas que nem acreditava, abrindo mão das minhas próprias crenças e das minhas necessidades. Eu não falava o que pensava, não discordava. Não dizia não. 

No fundo mesmo, ou mais na beirada, eu queria ser querida.

A necessidade de agradar à todos me fez desistir de alguns sonhos. Me fez me desintegrar de mim e do meu eu. Mexeu na minha autoestima.

Saber se relacionar para viver bem em sociedade requer flexibilidade e muito jogo de cintura. É a gangorra da vida. O limite entre a aceitação do outro e aquilo que realmente somos.

Comecei a perceber esse movimento. Felizmente a tempo de ser engolida pela opinião de alguém. 

Sem perder minha essência, fui me encontrando. Sabendo onde piso. Onde posso estar. E onde  não quero permanecer. Aprendi com minhas próprias frustrações que não desagradando ninguém eu estava desagradando a mim mesma. E que trilhando meu caminho e seguindo minhas intuições eu estava no caminho da luz.

Ninguém irá gostar de mim porque sou querida. As pessoas gostam, ou não, pelo que eu sou. Pela minha maneira doce de estar aqui nesta vida terrena. Do meu abraço. Do meu cheiro. Da minha gentileza. Da minha leveza. 

Não preciso agradar à todos. Além de impossível, é desnecessário. Cada um é o que é. Cada um sabe onde o calo aperta. Onde a alma aceita consolo. Onde o coração pede licença.

Mudar exige disciplina e um olhar para si mesmo. 

Tentar agradar e ser querida demais me desgastou. E cansou.

E sabem o que mais? Quem for pra ficar em sua vida, encontra brecha, dá os pulos, como dizem, se esforça. Te procura.

Quem te ama permanece. Fica até o fim. Não desiste. 

O amor é um vínculo construído sem cobranças, sem expectativas. Sem amarras. 

Neste pedacinho de tempo, que tenhamos coragem e gentileza para cabermos onde existe empatia, troca e afeto. 

Eu já quis muito ser querida. Hoje eu apenas quero ser Eu.