segunda-feira, 5 de março de 2018

Os exageros

Vivemos em tempos de exageros. Queremos comer naquela mesa farta. E tudo. Repetir. Muitas vezes até passar mal. Talvez sem a necessidade alguma de ter comido, tanto. Queremos a geladeira cheia. Queremos aquela bolsa do momento. O carro. Queremos nos lambuzar. Nos entupir de coisas. Queremos encher as gavetas, as prateleiras, os armários. Queremos devorar. Sem nos darmos conta, muitas vezes que, não sabemos a hora de parar e acabamos perdendo o controle de nós mesmos. Vivemos em um consumismo desenfreado.
E o pior, nem sabemos o porquê. Para quem?
Crescer na vida. Subir. Juntar. Comprar. Ter. Cada vez mais e mais.
Juntar fortunas, amealhar coisas. E aí chega um ponto em que parece que nada se torna suficientemente bom. Porque queremos mais. As competições se acirram, as pessoas sofrem e se frustram, simplesmente porque não podemos ter tudo. E talvez nem teremos para quem deixar tantas"coisas".
Talvez não teremos tempo de conseguir desfrutar de tanto.
Mas podemos Ser, e aí sim, deixaremos muito. Deixaremos aprendizado, sabedoria, lembranças. Deixaremos histórias. Recordações. Experiências. Sorrisos.
A ambição só é boa quando encontramos a medida certa. A mesma medida daquela bolacha de Natal, que se colocarmos melado demais, ela fica esquisita. Perde o sabor. Desanda.
A ambição nos impulsiona sempre para frente, é necessária, é bem vinda. Na dose certa, ela nos enriquece, nos enobrece, nos desperta. Nos faz ir além.
Enquanto isso não acontece, nos preocupamos em encher os bolsos, a conta bancária e os armários.
E se assim continuarmos, seremos sempre escravos da nossa embriaguez por Ter.
Seremos sempre escravos da ganância, porque nunca nos contentamos com pouco.

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