segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Luxo

Depois de tantas lambadas da vida, as vezes me pergunto sobre o real sentido da palavra luxo.
Ontem, aguardando anciosamente meus exames, me peguei pensando nisso.
Meus exames. Que coisa, um monte de informações e números que iriam chegar por um telefonema da minha médica. E ela iria me dar o resultado. Fiquei sem dormir. Um certo exagero?
Não sei. Imagine esperar anciosamente por uma ligação que não chega. O telefone simplesmente não toca.
Imagine.
Mas é assim mesmo. Surge o medo. O inesperado. O improvável. O desconhecido.
O medo de voltar para a hemodiálise. O medo de ficar sem tomar água. O medo de acordar as cinco da manhã e ficar quatro horas presa em uma máquina. Exagero? Talvez. Mas passa tanta coisa pela cabeça.
Nossa mente é uma formiga no meio de um bolo.
E o telefone toca. Meus exames. Minha médica. Os números. O tão aguardado resultado.
Atendo? E se estivessem ruins? Toca novamente.
Mas eu sou forte e guerreira como sempre fui. É assim que as pessoas me chamam. Claro que eu iria atender.
O coração saindo pela boca e escalando o Everest.
E eu escutei uma voz doce e feliz.
O rim que ganhei de meu irmão está forte, seguro e funcionando. Era para ser meu. Tenho certeza disso.
Quer luxo maior do que receber esse telefonema depois de uma ansiedade gigantesca que quase tomou conta de mim?
Chegar em casa cansada e ver que tem um pudim de leite maravilhoso te esperando. E  o melhor, poder comer sem culpa. Poder comer tudo o que se quer. Tudo o que tem potássio, fósforo, sódio. Toda a tabela periódica.
Tomar um copo de água. Até dois. Hoje eu posso.
Luxo para mim hoje, nada a tem a ver com coisas relacionadas a dinheiro. Mas sim com sentimentos, emoções. Troca de energia. A não ser viajar. Essa sim é a única coisa que compramos e nos enriquece. E nos enobrece.
Luxo é passar um final de semana sem celular tocando, carros buzinando e mil pessoas falando.
É tomar uma xícara de café em uma varanda.
É ter uma vida digna.
Ter saúde
Ser do bem.
Vestir uma camisola cheirosa.
Passar Giovanna Baby.
Ver o filho crescer.
Recolher um animal de rua.
Escrever um livro.
Fazer alguém sorrir.
Luxo é dormir com a consciência tranquila.
É despertar feliz, mesmo sabendo que o dia será difícil e que os problemas ainda estarão lá.
Luxo é conseguir encontrar alegria nas pequenas coisas da vida.
Luxo é se olhar no espelho e gostar do que se ve.
É gostar de ser quem a gente é.
Sem querer ser ninguém diferente.
Diferente de quem a gente mais tem que amar e admirar.
A gente mesmo.


2 comentários:

  1. Carol!
    Que bacana esse texto, gosto das tuas escritas "Lola"... rsrsrsrrs. Lembra, quando eu te chamava de "Lola" e você caía na risada???...rs

    Beijos Rejane

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  2. Adorei te ver por aqui...é tanto apelido que até eu me confundo, mas adoro Lola.
    Bjs no coração!

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